segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O que McLuhan diria?


100 Anos de MCLuhan






O comportamento humano está modificando todo o cenário, seja ele pessoal ou profissional. Não há como diminuir o poder ou negar a importância da mídia na vida das pessoas. A interação de grupos ultrapassa as fronteiras das cidades, dos países e tudo se interage através de meios de comunicação de maneira dinâmica e precisa. A velocidade das notícias no mundo digital revela a maneira de como se dá o consumo da informação nos tempos modernos.



Quando o educador, intelectual, filósofo e teórico da comunicação Mashall McLuhan fala da imagem e a distância, por exemplo, ele vai falar exatamente da instantaneidade que as transformações tecnológicas proporcionam e que de certa maneira é inaugurada pela televisão com o ao vivo, mas que depois é potencializado com o desenvolvimento da tecnologia. Marshall McLuhan, cujas principais obras foram escritas na década de 60, é conhecido por proposições polêmicas, como: a ideia de Aldeia Global, do meio ser a mensagem e das tecnologias como extensões dos sentidos humanos que, ao invés de envelhecerem, estão se tornando cada vez mais jovens. McLuhan já tinha uma visão, de que o desenvolvimento da tecnologia iria permitir essa formação de redes de comunicação que tendem a encurtar distâncias, onde o progresso tecnológico tende a reduzir todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia: um mundo em que todos estariam, de certa forma, interligados. E o que vemos hoje é realmente essa aldeia prevista por McLuhan, que foi potencializada de uma forma gigantesca principalmente pela internet, mas não somente por ela, assim como, por exemplo, pelos sistemas de transmissão de dados que estão amplificados no mundo inteiro. Ele já falava de certa forma em convergência de mídias, pensava a seu tempo, nessa reconfiguração das mídias em nossa vida, de certo modo previu o que ia acontecer.

McLuhan buscou compreender o que se passou na evolução do homem, seu esforço em desenvolver-se e adaptar o mundo às suas necessidades. A criação de tecnologias que lhe aprimoraram os sentidos e o poder das formas de culturas. Quando ele falava nessa ideia de Aldeia Global, pensava primeiramente nas comunicações, mas também estava pensando nas transformações sociais, culturais, políticas, econômicas e nas consequências  (positivas e/ou negativas) dessas inovações tecnológicas na vida do homem. McLuhan (1979, p.18) diz que "o conceito de cidadezinha não impõe a existência de relações cordiais. Nas aldeias as pessoas criticam, espiam, odeiam...; é como uma família: não há ambiente mais selvagem do que o de uma família" .

Os filmes e livros de ficção científica de hoje apresentam situações que nos permitem perceber o potencial das novas tecnologias. O diretor Alejandro González abordou o tema "Aldeia Global" no filme Babel (2006) onde são contadas três histórias diferentes, porém todas interligadas, mostrando como um fato, aparentemente isolado, pode interferir do outro lado do mundo. Já para os que preferem os livros, podem conferir essa mesma ideia na trilogia Neuromancer do escritor Willian Gibson, um livro de 1984 de ficção científica que introduzia novos conceitos para a época, como inteligências artificiais avançadas e um cyberespaço quase que físico, conceitos que mais tarde serviram de inspiração aos irmãos Wachowski na criação da trilogia Matrix.


Se já na década de 60, 70 ele previu esses acontecimentos, o que será que ele diria nos anos 90 ou 2000? O que ele nos diria nos dias de hoje? O que o Profeta da Comunicação acharia da internet 4G, sistema Broadcasting, twitter, Instagram e Facebook? Um mundo como ele mesmo disse há 50 anos "...onde o público assume um novo papel. Devido à própria simultaneidade da informação e da programação eletrônica, já não existem propriamente espectadores. Todo mundo faz parte do elenco." 



domingo, 21 de setembro de 2014

"O meio é a mensagem" nos dias de hoje

“O meio é a mensagem” é a máxima de McLuhan sobre os meios de comunicação. Ele nos convida a deixarmos de pensar somente no conteúdo da mensagem e voltarmos nossos olhares para o meio que a transmite.

Analisando os meios, podemos dividi-los em dois: os quentes e os frios. Os meios quentes são aqueles que não precisam de interação, eles dão toda a informação e o público não participa. Por outro lado, os frios são os que precisam ser preenchidos pela percepção de quem assiste/consome. No caso dos frios, o público está em constante interação com eles. O cinema é um exemplo de meio quente usado pelo autor, por seu roteiro ser pronto, sem possibilidade de mudança; e pelas cenas cinematográficas, que não exigem esforço para preencher detalhes. A TV seria fria por permitir interação do público com o roteiro e por exigir mais esforço do público ao tentar lhe dar algum significado.

Hoje em dia, essa análise é muito mais complexa. Com a internet, a impressão que se tem do mundo é que ele se tornou um lugar muito mais frio. A todo tempo e em qualquer lugar, a interação é possível. E os avanços tecnológicos – gadgets, apps, 3g, etc – contribuem muito para isso.

Em alguns sites de jornais, qualquer um pode se tornar um repórter e noticiar alguma coisa. Sessões como o Dzaí, do jornal Estado de Minas, promovem essa interação: basta que o leitor faça um cadastro e então ele poderá enviar suas próprias matérias.

O Twitter é uma das melhores ferramentas para interação hoje em dia. Muitos programas de TV têm espaço para que os telespectadores enviem mentions comentando a programação. Isso é feito também com o uso das hashtags (jogo da velha), que “classificam” os assuntos comentados. Serginho Groisman, do Altas Horas, usa a #altashoras para ficar por dentro do que o público tem comentado do programa.

Até o celular acabou se tornando instrumento de interação. Alguns jornais hoje em dia usam o aplicativo WhatsApp para se comunicarem mais facilmente com seus leitores. Eu mesma usei a ferramenta alguns dias atrás, quando precisava de algumas informações do Jornal da Cidade (SE) e não conseguia entrar em contato com os responsáveis por e-mail. A resposta demorou um pouco, mas chegou!

Essa interação toda também nos faz pensar a respeito do meio como prótese humana. Com tanta inovação e tantas formas de a informação chegar até a gente, a nossa maneira de estar no mundo é modificada. A gente começa a precisar dos meios, como se eles realmente fizessem parte das nossas vidas. Tornam-se extensões técnicas do nosso corpo.

O celular é o exemplo mais prático, e ao mesmo tempo mais clichê, disso. Dá pra fazer quase tudo com um celular, e isso acaba nos tornando dependentes da tecnologia. Vivemos conectados o tempo todo e assim somos bombardeados de informações.

A máxima “o meio é a mensagem”, adquire um novo significado: movimento. O meio realmente se torna a mensagem, e com tantos novos meios de comunicação, a nossa vida também muda. Nossos sentidos, percepções e opiniões se transformam e a cada dia modificam mais um pouco. Entretanto, como o próprio McLuhan disse, talvez nossa sociedade não esteja preparada para tal revolução tecnológica (que acaba atingindo outras áreas das nossas vidas). Nós ainda não sabemos lidar com isso de forma harmoniosa, e provavelmente seja até por isso que somos tão viciados em tecnologia. Mas isso já é discussão pra outra hora.. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Análise dos apontamentos de Morin sobre a cultura de massas.

   Edgar Morin escreve sua obra “Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo” em meados dos anos 70. E aborda um tema recorrente nas décadas anteriores, a Indústria Cultural, sendo esta o meio que destacou e permitiu a ampliação do sentido de produção cultural e de notícias voltadas para as massas.
    Através do desenvolvimento tecnológico e da possibilidade de enriquecimento cultural das massas com notícias e meios de informação, houve o surgimento da produção de informação e esta entrou em conflito com a preocupação com a qualidade e veracidade das produtoras de notícias. Porém a qualidade foi suprimida pela necessidade de agradar a população e levou assim a uma padronização da produção, e supressão das qualidades particulares da obra.
    O capital proveniente do lucro permitiu o desenvolvimento nos meios e na forma de produzir e disseminar informações, convertidos em melhorias nas mídias e qualidade da informação. Porém esta melhoria atrelou-se a necessidade de obter lucro, tornando-se assim, a preocupação paralela dos produtores e disseminadores. 
    As análises de Morin nos permitem considerar, nos dias de hoje, com acesso amplo a diversas mídias, que se comunicam sendo mais fácil sujeitar a produção a um molde universal, amplamente controlado e com parâmetros definidos. Os artistas sofrem pressão para produzir conforme um padrão, os que não obedecem esse padrão sofrem modificações ou perdem relevância com o público.
    Podemos ver meios de produção alternativos, que buscam levar opiniões diferentes a população como os blogs, produtoras de televisão de menos expressão, jornais com circulação e tiragem limitadas, demonstrando assim, que em todos os meios de comunicação ainda há a busca pelo original e a fuga pelo massificado, tornando estas mídias marginalizadas de acesso restrito, porém, com potencial para expansão, como demonstram diversas manifestações de repúdio ao controle dos meios e das notícias por grupos que buscam o lucro.

Por: Arthur Lincoln

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A cultura de massas e a persistência atemporal da web.

A Persistência da Memória – 1931 (Salvador Dalí).
    O texto é da década de 70 do séc. passado, seu autor nasceu em 8 de julho de 1921, entretanto, se o datarmos no mês passado, ou até mesmo nessa semana, e apresentarmos a um estudante que nunca tivera contato com o pensador e sua obra, a data facilmente passará desapercebida. A isso se deve o fato da atemporalidade da obra. É claro que estamos falando do Antropólogo, Filósofo e Sociólogo Francês Edgar Morin e seu livro: "Cultura de Massas no séc. XX: o espírito do tempo." que foi escrito em 1977.
    Morin, tendo sido o fundador do centro de comunicação de massas e anteriormente um militante do partido comunista, baseia seu texto na critica à desmedida industria cultural que segundo o autor busca seu lucro por meio da comunicação de massa, que faz de suas criações artística produtos a serem consumidos e para tanto não medem esforços para criar um padrão satisfatório que, fará com que o público se identifique.
    A presença do vilão, dos mocinhos, do final feliz, do conflito a se desenrolar, dentre tantos outros recursos utilizados pelo cinema, pelo rádio, pela tevê, são analisados por Edgar Morin como ferramentas que buscam a padronização da produção das histórias que serão veiculadas para o grande público. Para o autor isso causa um grande prejuízo para as criações artísticas, Morin ainda apresenta a originalidade como uma ferramenta dos meios de comunicação em massas para venderem seus produtos, e é neste ponto que mora o conflito entre "originalidade x padronização".
    Estamos na era da internet e o advento da web trouxe aos criadores caseiros uma facilidade em compartilhar seus conteúdos, hoje os artistas, sejam eles cineastas, fotógrafos, atores, músicos entre outros, não precisam mais alugar uma galeria, se inscrever em uma mostra ou participar de um festival para exporem suas obras, basta apenas um clique para que isso aconteça, porém a atemporalidade da obra de Morin, se analisarmos o âmbito da World Wide Web mora exatamente na massificação do conteúdo. Apesar de facilitado o compartilhamento das idéias, para que o autor alcance o grande público, continua reinando a Indústria Cultural, é preciso se adequar em seus padrões e sucumbir a atividade publicitária.
 
Pra representar a reprodução do padrão cultural midiático, podemos analisar vários aspectos que incorrem até mesmo na apropriação de obras para criação e embasamento de novos produtos culturais citados na obra de Morin, como exemplo observem as obras dos Irmãos Grimm que foram outrora utilizados pela Walt Disney para criação de seus filmes, sem nem, para isso, terem citados os autores originais de suas histórias.

Vejam o exemplo de Branca de Neve e sete anões:

Conto Original Irmãos Grimm:
http://www.grimmstories.com/pt/grimm_contos/branca_de_neve

Branca de neve e os sete anões completo no link:
https://www.youtube.com/watch?v=-sxbZ70VRsg


domingo, 14 de setembro de 2014

O conflito da Indústria Cultural

Edgar Morin nasceu em 8 de Julho de 1921, é considerado um dos principais pensadores contemporâneos.No livro - Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo, ano 1977 - o autor trabalha alguns aspectos da Indústria Cultural, sendo considerada por ele resultado do desenvolvimento tecnológico que propulsou a busca por lucro dos meios de comunicação de massa.

Morin define esta indústria como produto do complexo da sociedade moderna, pronta para a produção e o consumo, mas também com uma industrialização secundária que ocorre de forma sutil, pois se origina nos planos imagéticos, de criação. Isto é, a Indústria Cultural possui dois lados: o de criação e o do lucro. 

Na indústria cinematográfica por exemplo, os avanços tecnológicos permitiram maior qualidade na produção dos filmes e uma facilidade na disseminação do conteúdo, propiciando um aumento do público alvo das empresas cinematográficas, expandindo o mercado  e a busca incessante pelo lucro. Apesar desta indústria seguir uma forma padrão na criação dos filmes (final feliz, mocinha ingênua, amor impossível), estes também devem contar com a originalidade, uma identidade na hora da criação.

Desta maneira fica claro o conflito da Indústria Cultural entre o lucro e a criação, originalidade e padronização. Sendo assim é evidente que os meios de comunicação de massa buscam o equilíbrio entre o ato de criar e a satisfação do mercado, pois para atingir o lucro é necessário conquistar o público, que apesar de gostar das formas tradicionais na produção de um filme, busca também uma inovação dentro deste padrão de criação.

Para complementar, o pensamento de Edgar Morin referente à indústria cultural, entende que ela se alimenta através de um padrão de sucesso na criação de seus produtos, mas com uma certa inovação. Utilizarei de um clássico do cinema para exemplificar tal pensamento, visto que as obras fílmicas que são adaptadas de livros de grandes sucessos seguem o pensamento da formula do sucesso , pois quando um livro se torna um sucesso certamente esta mesma historia do livro será sucesso em forma de filme , até porque é a mesma formula só que contada por um meio diferente, a base do produto será a mesma só com um toque de inovação.

O Filme a “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (Willy Wonka & The Chocolate Factory, EUA, 1971), foi a primeira adaptação do livro infantil de 1964 do escritor Roald Dahl o "Charlie and the Chocolate Factory". O filme conta a história de Willy Wonka, um homem rico, dono de uma fabrica de chocolate que faz uma promoção, distribuindo cinco bilhetes dourados nas embalagens de seus chocolates para quem o encontrar possa visitar a sua fábrica, fechada desde que alguns espiões tentaram roubar suas fórmulas secretas. Cinco crianças são premiadas e irão visitar a famosa e misteriosa Fábrica.

A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (1971) - Trailer


Seguindo o sucesso da primeira adaptação, em 2005, é lançado uma segunda adaptação   do filme "Charlie e a Fábrica de Chocolate" dirigida por Tim Burton e estrelado por Johnny Depp como Willy Wonka. A segunda versão foi um sucesso de bilheteria e muito elogiado pela crítica. Assim podemos enxergar como a indústria cultural explora uma formula de sucesso unida com a criatividade em busca do lucro.


A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE (2005) -Trailer Legendado