Acreditar
na capacidade de total determinação dos produtores de mercadorias em relação
aos usuários é uma visão presumível quando se fala do século passado.
Os
estudos marxistas sobre o consumo e sobre a primeira etapa da comunicação de
massa valorizam principalmente a determinação das empresas em relação ao
consumo.
Porém,
nos dias de hoje, há outra crença de que o consumo é individual e irracional,
em que as massas adquirem os bens e produtos sem reflexão imediata.
Essas
duas linhas de pensamento deixam de lado toda a complexidade que envolve as
ações de consumo. Diante disso, o autor Néstor Canclini direciona uma teoria
que ele chama de teoria sociocultural do
consumo, em O consumo serve
para pensar, capítulo do livro Consumidores e Cidadãos.
O
consumo não é apenas compra de produtos e mercadorias, nem de marcas, o consumo
envolve, nos dias de hoje, importância política no momento em que se fala de
uma orientação para mudança econômica. Além disso, o consumo também se
relaciona com a identidade individual, em que o individuo adquire objetos
segundo a lógica do grupo em que está inserido.
A
proliferação de objetos e marcas pelo mundo também apresenta outra
característica do consumo que é a de interação daqueles que possuem demandas em
comum.
Todas
essas características do consumo servem para enxergar que o consumo não é
apenas capricho ou compras irrefletidas, mas um ato comum e importante a um
cidadão. Canclini aborda alguns requisitos que, segundo ele, articulam o
consumo como um exercício refletido da cidadania: a oferta diversificada de
bens, informações confiáveis a respeito dos produtos e participação democrática
dos principais setores da sociedade civil.
A
racionalidade está tão presente nas relações de consumo atualmente que os
produtores e emissores fazem de tudo para seduzir e persuadir o público e,
principalmente, usam justificativas racionais para diferenciar uma mercadoria
da outra e fazer com que o consumidor dê preferência àquela que possui uma
causa.
Um
exemplo dessa justificativa racional bastante utilizada em vários setores do
mercado, abordada no texto, é a proposta da campanha Outubro Rosa de dar
mais visibilidade para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento
para o câncer de mama.
( fotos: www.facebook.com/lojasromera).
(
Várias
marcas do setor moveleiro resolveram aderir e dar apoio à campanha de prevenção
a esse câncer que atinge tantas mulheres. Uma dessas marcas que aderiram à
causa foi a marca Romera. Esse setor
moveleiro é um excelente espaço para a divulgação dessas campanhas, já que há,
na maioria das vezes, participação feminina na compra de móveis.
Portanto, vê-se que há uma racionalidade no consumo, de forma que cada indivíduo relaciona-se com ela diante de vários fatores que envolvem esse exercício de cidadania.
Referências: www.emobile.com.br
CANCLINI,Néstor García,Consumidores e Cidadãos, O consumo serve para pensar.