terça-feira, 21 de outubro de 2014

TV também é Cultura?


Jesús Martin-Barbero nasceu na Espanha, em 1937, e desde 1963 vive na Colômbia. Sua principal área de pesquisa é a comunicação, mas seus estudos são contornados por outras áreas do conhecimento, como a semiótica, a antropologia e a filosofia. Desta visão múltipla acerca da realidade social decorre a relação que faz da comunicação com os estudos culturais, fazendo do autor um dos expoentes contemporâneos sobre este tema. Nas palavras de Canclini, que fez o prólogo de seu livro "Dos Meios às Mediações", Barbero "desloca a análise dos meios de massa até as mediações sociais".

  
Barbero escolheu a América Latina para analisar os elementos presentes na comunicação, encontrando aqui um vasto campo para analisar o emissor, a mensagem, o canal, o receptor, conceitos que, de acordo com ele, devem ser estudados juntos, pois há uma interdependência entre as partes: "não existe comunicação sem cultura, nem cultura sem comunicação".
O autor procurou questionar a importância da telenovela em nosso continente e destacou neste programa, produzido pelos meios de comunicação de massa, uma característica melodramática, que demonstra a busca pela identidade latino-americana. Os estudos de Barbero enfocam "desde a comunicação", observando processos e dimensões que incorporam a cultura à comunicação, e esta àquela.
Segundo o autor, a indústria cultural e a comunicação massiva são os novos processos de produção e circulação da cultura, correpondendo não só a novas tecnologias, mas a novas formas de se fazer comunicação de massa, já que o público passou a ser considerado na mediação da produção. Barbero destaca que os meios de comunicação de massa não fizeram do ser humano um receptor passivo e alheio à sua própria realidade. Ao contrário, quem antes era visto apenas como receptor, hoje é visto como fazendo parte também da produção, na medida em que interage e responde ao que recebe, determinando novos conteúdos.

Com a TV tendo seu espaço invadido pela internet, o "feedback" ficou mais nítido, pois não é necessário que se façam pesquisas para saber os efeitos resultantes dos programas televisivos, eis que o público responde imediatamente, concordando, discordando, sugerindo, praticamente determinando o que será exibido. Recente exemplo pode ser visto no último programa exibido pelo Fantástico (19/10/2014), em que um pai e um filho, este com aproximadamente cinco anos de idade, conversam com o apresentador Tadeu Schmidt pela webcam, reclamando que o quadro "Reinos Secretos" não foi ao ar no dia das crianças, levando o apresentador a se desculpar e a passar o episódio.

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