Qual
seria o significado da palavra consumo? Sua etimologia deriva do latim consumere, que significa comer, desgastar, desperdiçar. Há quem diga que, além
disso, o ato de consumir está relacionado à satisfação pessoal, ou seja, aos
gostos e aos caprichos. Mas estaria esse senso comum coincidindo com o bom
senso?
Quem vai nos responder a essa pergunta não é nada mais, nada menos, que o antropólogo argentino Nestor García Canclini (La Plata, 1939). Adepto dos Estudos da Recepção na América Latina, defende que a comunicação só é eficaz se houver a interação entre emissor e receptor e, ademais, utilizando das ideias dos Estudos Culturais procurou analisar a comunicação, a cultura e a sociologia sob uma ótica latina.
Consumir certos bens ditam quem você
é, a qual “grupo” você pertence, qual a
sua posição, qual o seu status. Se uma mulher, por exemplo, usa Louis Vuitton,
Prada ou Chanel subentende-se que está diante de uma empresária ou uma modelo
de sucesso. O mesmo acontece com um homem que ao se vestir totalmente de preto,
com cabelo alternativo e maquiagem escura, estará sujeito a comentários de ser
gótico.
O consumo, sem nenhuma dúvida, está
relacionado aos bens simbólicos; ele deixa de ser um ato irracional para se
tornar uma ação social e cultural. Qual o pai que não se sente pressionado em
dar um presente para o seu filho no Dia das Crianças? Qual a mãe que não quer
comprar um ovo de chocolate para os garotos em plena Páscoa? E no Natal? Qual a
dona de casa que não quer ver sempre a mesa repleta de comidas para a sua
família? Nota-se, que são hábitos impostos pela cultura na qual vivemos e o
consumo, como sempre, não fica de fora dessa; ele está sempre presente, o
verdadeiro e legítimo carro-chefe de toda a produção!
As
grandes empresas, por sua vez, utilizam desses valores simbólicos para aumentar
ainda mais a venda dos seus produtos. A Coca-Cola, por exemplo, sempre
valorizou o simbolismo das datas. A sua própria propaganda de
Natal do ano passado utiliza da figura do Papai Noel para divulgar o seu produto,
ela não quer simplesmente chegar e fazer com que você compre, mas sim deseja que o consumidor associe o consumo desse bem ao espírito do Natal; como se fosse algo natural, indispensável para uma boa ceia.
E o consumo consciente? Estaríamos nós em uma situação sem saída? Não, claro que não. Se atuarmos como cidadãos estaremos diante dele e, nas palavras do próprio Canclini, só assim, “o consumo se mostrará como um lugar de valor cognitivo, útil para pensar e atuar significativa e renovadoramente, na vida social.”
Muito bom!
ResponderExcluirObrigado Luma! :)
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