interligou esse hábito à mídia, economia e, consequentemente, à globalização.
Em seu livro “Consumidores e Cidadãos”, o antropólogo
destaca que “o confronto das sociedades modernas com as ‘arcaicas’ permite ver
que em todas as sociedades os bens exercem muitas funções e que a mercantil é
apenas uma delas”, ou seja, artefatos indígenas, por exemplo, a partir do
momento em que são comprados e expostos em imóveis urbanos ou museus, perdem
seu valor econômico e passam a ser de valor cultural. A mesma coisa acontece em
viagens à outros países, em que é comum a compra de mercadorias características
do lugar, para servirem, mais tarde, de recordação. Essas situações
proporcionam uma integração cultural através do consumo.
A arte também se transforma em mercadoria quando uma música
produzida por valores estéticos passa a fazer sucesso e gerar lucro. Ou ainda, quando
um artista se torna popular e suas obras são estampadas em diversos objetos,
como por exemplo, os trabalhos do pintor Romero Britto.
A mídia também proporciona a relação entre diferentes
culturas. Podemos perceber essa característica devido às grandes produções
cinematográficas, que nem sempre podem ser produzidas somente com material
nacional, e também os noticiários, que não poderiam informar o que acontece
fora das fronteiras sem colocar zonas distantes em contato, conectando todos
como “parte de uma totalidade”.
Com o consumo ultrapassando fronteiras e diferentes estilos
de vida, surgiu a necessidade de produzir bens de consumo que agradassem a
grupos do mundo todo. Considerando novamente o cinema, nesse contexto, as
representações nas telonas já não poderiam ser algo excessivamente regional,
pois não seriam aceitos de forma mundial. Então, através das estratégias de marketing,
o “cinema-mundo” promove-se em uma tecnologia visual adaptada a ser bem
recebida em um mercado de escala mundial. O próprio Homem-Aranha precisou de
modificações para ser aceito e lançar suas teias na China e na Índia. Nesses
países isso ocorre também com diversas marcas de grande nome, como Starbucks, American Express e Unilever (http://www.knowledgeatwharton.com.br/article/do-venti-latte-ao-homem-aranha-as-marcas-globais-se-adaptam-para-conquistar-a-china-e-a-india/); e também com a mundialmente famosa Coca-Cola, que teve que ajustar suas garrafas para se adaptarem à refrigeradores espanhóis.
A globalização sofre diversas críticas, mas através do
consumo transnacional é possível ligar diferentes culturas ao mesmo tempo que
promover uma adaptação cultural mundial, sem perder suas próprias
características. Como afirma Canclini, as nações e etnias continuam existindo,
basta “entender como as identidades étnicas, regionais e nacionais, se
reconstroem em processos de hibridização intercultural”.
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