“O meio é a mensagem” é a máxima de McLuhan sobre os meios
de comunicação. Ele nos convida a deixarmos de pensar somente no conteúdo da
mensagem e voltarmos nossos olhares para o meio que a transmite.
Analisando os meios, podemos dividi-los em dois: os quentes
e os frios. Os meios quentes são aqueles que não precisam de interação, eles
dão toda a informação e o público não participa. Por outro lado, os frios são
os que precisam ser preenchidos pela percepção de quem assiste/consome. No caso
dos frios, o público está em constante interação com eles. O cinema é um
exemplo de meio quente usado pelo autor, por seu roteiro ser pronto, sem
possibilidade de mudança; e pelas cenas cinematográficas, que não exigem
esforço para preencher detalhes. A TV seria fria por permitir interação do
público com o roteiro e por exigir mais esforço do público ao tentar lhe dar
algum significado.
Hoje em dia, essa análise é muito mais complexa. Com a
internet, a impressão que se tem do mundo é que ele se tornou um lugar muito
mais frio. A todo tempo e em qualquer lugar, a interação é possível. E os
avanços tecnológicos – gadgets, apps, 3g, etc – contribuem muito para isso.
Em alguns sites de jornais, qualquer um pode se tornar um repórter
e noticiar alguma coisa. Sessões como o Dzaí, do
jornal Estado de Minas, promovem essa interação: basta que o leitor faça um
cadastro e então ele poderá enviar suas próprias matérias.
O Twitter é uma das melhores ferramentas para interação hoje
em dia. Muitos programas de TV têm espaço para que os telespectadores enviem mentions
comentando a programação. Isso é feito também com o uso das hashtags (jogo da
velha), que “classificam” os assuntos comentados. Serginho Groisman, do Altas
Horas, usa a #altashoras para ficar por dentro do que o público tem comentado
do programa.
Até o celular acabou se tornando instrumento de interação. Alguns
jornais hoje em dia usam o aplicativo WhatsApp para se comunicarem mais
facilmente com seus leitores. Eu mesma usei a ferramenta alguns dias atrás,
quando precisava de algumas informações do Jornal da Cidade (SE) e não conseguia
entrar em contato com os responsáveis por e-mail. A resposta demorou um pouco,
mas chegou!
Essa interação toda também nos faz pensar a respeito do meio
como prótese humana. Com tanta inovação e tantas formas de a informação chegar
até a gente, a nossa maneira de estar no mundo é modificada. A gente começa a precisar
dos meios, como se eles realmente fizessem parte das nossas vidas. Tornam-se
extensões técnicas do nosso corpo.
O celular é o exemplo mais prático, e ao mesmo tempo mais
clichê, disso. Dá pra fazer quase tudo com um celular, e isso acaba nos
tornando dependentes da tecnologia. Vivemos conectados o tempo todo e assim somos
bombardeados de informações.
A máxima “o meio é a mensagem”, adquire um novo significado:
movimento. O meio realmente se torna a mensagem, e com tantos novos meios de
comunicação, a nossa vida também muda. Nossos sentidos, percepções e opiniões se
transformam e a cada dia modificam mais um pouco. Entretanto, como o próprio
McLuhan disse, talvez nossa sociedade não esteja preparada para tal revolução tecnológica
(que acaba atingindo outras áreas das nossas vidas). Nós ainda não sabemos
lidar com isso de forma harmoniosa, e provavelmente seja até por isso que somos
tão viciados em tecnologia. Mas isso já é discussão pra outra hora..
Nenhum comentário:
Postar um comentário